Como praticar uma melodia em diferentes gêneros musicais

Publicado por Denise Ogata em

Você já quis mudar o gênero de uma música?

De Valsa para Balada, de Rock para Baião, de Jazz para Bossa-nova…e assim por diante ?

Esta pode ser uma boa opção tanto para criar uma “nova roupagem” para uma melodia quanto para treinar nossas habilidades criativas e também de adaptações na composição do arranjo.

 Certamente alguns ajustes têm que ser feitos. Veja os pontos principais:

  • mudança na fórmula de compasso (mudança na métrica)
  • mudança na duração das figuras rítmicas
  • alteração da harmonia

Lembrando que cada gênero tem a sua característica principal, seja ela rítmica ou harmônica. Por exemplo, no Reaggae é essencial usar o contra-tempo para dar a “cara” do Reaggae e deixar uma harmonia sem acordes alterados e sem muitas tensões.

Entretanto, em termos de criação, podemos experimentar muitas coisas e quebrar padrões! Mas se a intenção é deixar evidente a linguagem do gênero escolhido, é recomendável seguir suas principais características.

Exemplo: canção “Peixe-vivo”

Para compreender estas alterações, veja o exemplo da melodia de Peixe-Vivo  nos diferentes gêneros, em relação à métrica dos compassos e ao ritmo:

  • Começando com um acompanhamento  em compasso binário, no gênero de Canção (que é a sua versão mais conhecida, ou seja, como uma canção popular e folclórica):

  • Ainda no mesmo compasso binário, mudando agora para o Baião: a nota do baixo foi alterada para colcheia pontuada, resultando na figura rítmica típica deste gênero musical. Veja como ficou a frase inicial:

  • Para deixarmos em Valsa, temos que alterar o compasso para ternário e adaptar a duração das figuras musicais:

  • No caso da Balada, a mudança é para o compasso quaternário e, logicamente, outras mudanças nas figuras rítmicas, como uso de colcheias nos acordes arpejados.

Ainda neste gênero, o uso de oitavas é bastante usado, de maneria a realçar a frase musical com os agudos adicionados :

A interpretação não tão marcada ritmicamente, de maneira mais flexível (no tempo) também é uma forma de caracterizar a Balada,  de deixar “cantar” a melodia  (Clique aqui para ver o vídeo). 

 

Uma observação sobre a harmonia

Como o foco aqui é deixar bem definido o gênero alterado através do ritmo (que, por si só, como vimos, já identifica muitos gêneros), não foram feitas rearmonizações, ou seja, alteração de acordes, adição de 7as, 9as,  13as, etc e de outros acordes.

Alguns gêneros possuem uma harmonia bem particular, como o Jazz, em que são usadas muitas tensões e harmonizações complexas e diversas, assim como outros gêneros que se baseiam em harmonia modal ou outras escalas, como a pentatônica, cigana, etc.

Assim, é necessário fazer um estudo específico sobre os tipos de harmonizações que melhor representam um gênero, para poder deixar o arranjo ainda mais com a “cara” do mesmo.

Imagem de Kate Cox por Pixabay 

Por fim, outros recursos também são importantes em relação à sonoridade, que podem ser trabalhadas na hora de tocar, tais como:  usar o pedal, fazer acentuações, a dinâmica, deixar o ritmo mais “solto”.

Tudo isso ajuda ainda mais a trazer as características do gênero para o arranjo!

Resumindo, uma mesma melodia pode ser adaptada para diversos gêneros, fazendo alterações no ritmo, na métrica do compasso e ajustes no modo de tocar.

Estas mudanças simples já contribuem para transparecer a linguagem do gênero e permitem que possamos variar as opções na hora de criar arranjos para o piano e deixar fluir as ideias musicais!

Assista o vídeo no YouTube: 

E assim vamos criando, experimentando e estudando juntos!  Até a próxima! 

Capa : Imagem dGerd Altmann por Pixabay

Categorias: Arranjo

0 comentário

Deixe um comentário

Avatar placeholder

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Social media & sharing icons powered by UltimatelySocial